quarta-feira, 29 de julho de 2009

Construção civil tem mais acidentes de trabalho.

No telhado, o pedreiro não usa equipamento de segurança. Outro anda na laje sem nenhuma proteção. Cenas comuns na construção civil. Um empreiteiro, responsável por outros trabalhadores, deveria dar o exemplo, mas nem ele utilizava os equipamentos: "Para trabalhar em serviço baixo assim, não".

José Nivaldo Ruiz quebrou as costelas depois de cair de um andaime. Pelos próximos meses, terá que usar um colete, já que o acidente afetou também a coluna. O pedreiro alega que o patrão não forneceu o equipamento de segurança: "Eu nunca usei porque ele não ofereceu equipamento e todo mundo não usava".

"O grande problema vem das obras de pequeno porte que ficam às custas do próprio empreiteiro, ou do pedreiro-chefe da obra. Aí é difícil cobrar esse tipo de coisa desse pessoal", aponta o engenheiro Carlos Soufen.

A cada ano, pelo menos três mil brasileiros morrem vítimas de acidentes de trabalho, de acordo com a Previdência Social. O setor que concentra mais casos é o da construção civil.

O operário Renato de Sousa e um colega despencaram quando instalavam equipamentos uma caixa d’água na capital paulista. Foram resgatados pelos bombeiros, que precisaram usar técnicas de rapel para tirá-los dali. Só Renato sobreviveu.

Nelson construía um muro de arrimo quando o terreno cedeu. Foram 40 minutos soterrado, tentando respirar, ameaçado por uma pedra que ameaçava deslizar. Mais uma vez coube aos bombeiros garantir a vida dos operários.

Só na Grande São Paulo, 848 acidentes ocorreram no ano passado. Sete pessoas morreram. Neste ano, na mesma região, em pouco mais de seis meses foram 730 com 11 mortos, um aumento de quase 60%.

"O fornecimento, o treinamento e a atualização dos equipamentos de proteção individual são responsabilidade dos patrões. O recebimento, a higienização e o uso são obrigatoriedade dos trabalhadores", aponta o médico perito do INSS Samir Salmen.

Para diminuir os acidentes, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil em São Paulo fez uma parceria com o Senai. Técnicos têm vistoriado as obras para checar 50 itens de segurança que devem ser cumpridos.