segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O estresse profissional na emergência.



O estresse profissional na emergência.

O PROAP é um programa vanguardista, para procedimentos relacionados a incidentes críticos, tendo como enfoque principal as áreas de emergência (Policia, Bombeiros e profissionais de APH). O Programa é baseado em estudos realizados pelo IACP (International Association of Chiefs of Police) e de acordo com a Recomendação nº 2001/02 da CTIF (Comité Technique International de Prevention Et D’Extinction Du Feu).

Não há estresse na indústria que possa se comparar com a gravidade de estresse que envolve cuidar de doentes, feridos e lidar com vitimas e seus familiares em momentos de crise emocional. Profissionais, especialmente os de emergência, estão propensos a encontrar situações extremamente estressantes no decorrer de seu trabalho. As situações mais estressantes são chamadas de incidentes críticos de estresse. A seguir, estão alguns exemplos:

Ameaça de violência física, de vitimas violentas;
Mortes traumáticas e qualquer situação grave envolvendo crianças;
Morte de membros da equipe;
Ferimentos sérios ou doenças como resultado das atividades de emergência;
Suicídio de colegas de trabalho;
Situações longas com resultados negativos;
Fatores ligados às intervenções: o fato de afrontar uma situação nova, a necessidade de decisões rápidas sem espera, intervenção em lugares críticos, dificuldade de assimilação de alguns sentimentos no momento da ocorrência: etc.

Estes são momentos críticos que podem provocar nas equipes de emergências, experiências de reações emocionais muito fortes que tenham o potencial de interferir no exercício de sua função, no momento da ocorrência ou mais tarde.

Quando estas experiências tornam-se extremamente ameaçadoras ou severa, resulta em manifestação física, cognitiva e emocional chamada estresse traumático.

O estresse traumático a que estão expostos os profissionais que participam de emergência, pode produzir reações de estresse acumulativo, incluindo o transtorno de estresse pós-traumático (PTSD – post traumatic stress disorder), a depressão e sinais de esgotamento profissional ou Burnout, um tipo específico de estresse, considerado um dos desdobramentos mais importantes do estresse profissional.

Burnout é a expressão inglesa para designar aquilo que deixou de funcionar por exaustão de energia. Se considera um transtorno adaptativo crônico, em associação com as demandas psicossociais de trabalhar com ocupações que têm um traço comum, como contato interpessoal intenso. Burnout é uma síndrome caracterizada por sintomas e sinais de exaustão física, psíquica e emocional, em decorrência de má adaptação do indivíduo a um trabalho prolongado e estressante.

Como se observou, o trabalho que executa esses profissionais é altamente estressante e ansiogênico, o que pode acarretar prejuízos de ordem física e psicológica, rebaixando com isso, o nível de sua produção.

O PROAP possui uma equipe especializada e apresenta um programa de treinamento que qualifica-se de Preventivo e Profilático, pois tende a eliminar a possibilidade de esgotamento provocado pelo estresse do trabalho, culminando em melhoria da qualidade de vida do profissional e por sua vez maior desempenho de suas funções. A metodologia do programa possui uma variedade de técnicas de intervenção:

Apoio “In loco” (nas cenas das ocorrências ou situações de desastres);
Reuniões de preleção e de desabafo;
Estratégias para lidar com o estresse:
gerenciamento do estresse;
rebaixamento do nível de ansiedade;
desenvolver habilidades para adquirir compreensão maior sobre o estresse em ocorrências ou catástrofes. Identificando os agentes causadores do estresse, torná-los conscientes possibilitando o manejo inteligente do estresse para poder atuar em conseqüência e enfrenta-lo.
Especialistas insistem em que o estresse profissional recebe pouca atenção, as empresas, as instituições não investem suficientes recursos para levar a cabo programas como este, destinados a combater o inimigo invisível, o estresse.

O serviço de emergência é muito valioso para sacrificar profissionais em sofrimento resultante de um trabalho estressante associados a incidentes críticos. Chegou a hora dos departamentos de emergência tomarem um passo importante para preservarem as carreiras daqueles que experimentam emoções como salvar propriedades de destruição, proteger a comunidade de modo geral e a máxima satisfação de salvar uma vida humana.

Isso é Burnout

“Nós profissionais do serviço de emergência, temos um trabalho que é repleto de estresse a todo momento. Devemos tomar decisões de vida e morte em frações de segundos. Durante uma chamada, devemos lidar com nossas vitimas, familiares, amigos, curiosos e nossos próprios sentimentos. Fomos ensinados a sermos profissionais da emergência e que podemos lidar com isso. Espera-se que sorríamos quando a família de uma vitima nos blasfema. Devemos permanecer calmos quando o mundo parece estar caindo aos pedaços, e há feridos em qualquer lugar. Devemos salvar qualquer um. Não nos foi ensinado que alguns morrerão, não importando o quanto nos empenhemos, ou que alguém sobreviverá, mas depois da doença não será mais o mesmo. Somos profissionais de emergência. Não se supõe que choramos. Não se supõe que nos envolvemos. Somos valentes a toda hora. Devemos aceitar que, periodicamente, estaremos deprimidos e devemos trabalhar com o problema de forma construtiva. Não há vergonha em admitir que somos humanos e precisamos de assistência como qualquer um. Vamos esperar e orar para que aprendamos esta lição antes de perder mais um companheiro do serviço para a habilidosa doença do estresse”.

Jacqueline Mazzoni é psicóloga, mestre em Psicologia, professora da Universidade Camilo Castelo Branco e doutoranda em Psicologia da Saúde (stress ocupacional) na Universidade de Havana, Cuba. Diretora do PROAP, programa pioneiro no Brasil desde 1996

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